Absolutos não existem, apenas ABSOLUTO. Esta é uma das coisas que a idade me dá vantagem: constatar que absolutos não existem. Como diz o velho ditado popular “A gente nunca deve dizer: Deste pão eu não como”, e, “desta água eu não bebo”. Imagem de John Hain por Pixabay.

Antigamente quando alguém começava a se gabar, achando-se o Cara, logo outro alguém dizia: “Não cuspa para cima. O cuspe pode cair na sua cabeça.”

Ah se eu fosse contar quantos cuspes já vi cair na cabeça dos orgulhosos! Ah quanto gente já vi procurar sedento pela água que rejeitou, e buscar faminta pelo pão que desprezou!

Já ouvi também muitas declarações absolutas do tipo: “Aqui quem manda sou eu. Faço o que quero. E daí, quem vai me impedir?” 

Dos meus 63 anos de idade, 43 ininterruptos estão dentro da igreja. Nesse recinto também já ouvi muitas coisas do tipo: “Fulano está querendo voar alto. Está na hora de cortar as asinhas dele.

Talvez vocês não acreditem, mas eu já vi na porta de uma igreja (e não é da denominação que vocês vão pensar que é): “Proibida a entrada de mulheres trajando calças compridas”. 

Na recepção, dois grandalhões para garantir que a lei fosse cumprida.

Mas se você julgou a referida igreja, errou. Nós muitas vezes impomos nossos absolutos como mecanismo de defesa. Temos medo de sermos atingidos por algo que nos assusta. Então gritamos: “Aqui não!”.

Este tempo de pandemia tem revelado algo semelhante. Vou compartilhar minha experiência e imaginações temerosas pandêmicas.

Meus Absolutos

Todos estamos com medo de covid19. Não diga que isto não é verdade.

Surgiu a oportunidade de tomar a primeira dose da vacina. Então pensei em não tomá-la. Não vou explicar porque, mas não foi por medo algum. 

Quando disse que não ia tomar a vacina, minha esposa acusou: Vá rapaz, você pode se contaminar e passar doença para mim ou para nossa filha. 

Diante do medo da culpa caso alguém querido fosse contaminado, e, como lá em casa a última palavra é a minha, eu disse: “Sim, senhora. Já vou vou.

Passei toda manhã de um raríssimo sábado de descanso na fila da 1ª dose da vacina.

Daí comecei a imaginar coisas que me trouxeram pavor. Imaginei chegar a casa e encontrar uma placa: Só entra se for vacinado. 

Imaginei chegar à igreja e encontrar dois brutamontes na porta exigindo: Atestado de vacina.

Na prática isso já acontece em todos os lugares onde vamos. Ninguém entra sem aferir a temperatura, sem máscaras, e, se tomou a vacina, Oh glória! 

Algum tempo atrás ninguém poderia entrar em lugar algum com máscaras. Agora, só entra se for mascarado. 

Um dos ensinamentos dessa pandemia é que não há absolutos humanos que se sustentem para sempre. Tudo pode desmoronar a qualquer momento.

Nenhuma declaração, nem mesmo dos mais poderosos deste mundo, pode manter-se inabalável. 

Tal como aconteceu com o pescador Pedro, que um dia declarou: “Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.” (Marcos 14:29). Na mesma noite traiu a Jesus três vezes, como o Absoluto havia predito.

A única palavra, conceito, virtude ou valor absoluto está em Cristo. Suas palavras jamais passarão.

O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mateus 24:35).

Pr Odivan Velasco

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