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PARÁBOLA DO SEMEADOR. Jesus “começou a ensinar à beira mar”. Neste ensino aprendemos sobre O Evangelho e seus ouvintes (Estudo de Mc 4.1-9). Imagem de birthegodt por Pixabay.
O Ensino por Parábolas
Ele estava em Cafarnaum. Nesta cidade realizara grandes milagres: a cura do paralítico (2.1-12); a cura de um leproso (1.40-45); a cura de um endemoninhado (1.21-28); e muitos outros.
A fama de Jesus logo correu entre o povo. Por isso, quando Ele entrava numa casa, logo o ambiente lotava “a ponto de não caberem nem mesmo diante da porta” (2.2).
Talvez por essa razão, Jesus procurava ir para a beira do mar, afim de mais espaço e alcançar mais pessoas.
“Ele ensinava muitas coisas por parábolas”. O que é parábola? Segundo o Dicionário de J. D. Davis, parábola é o “método empregado nos discursos por meio do qual as verdades morais ou religiosas se ilustram pela analogia com fatos da vida comum”.
A Bíblia Vida Nova diz que parábola é uma “comparação”. É “colocar uma coisa ao lado da outra para estabelecer a semelhança ou distinção” entre ambas.
Jesus estava iniciando uma série de parábolas que ensinam ou que preparam súditos para o reino de Deus, pois Ele começou pregando: “Está próximo o reino de Deus”. Este reino tem um Rei: Jesus; tem uma pátria: os céus. Mas faltam os súditos: as pessoas chamadas por Deus.
O ensino de Jesus prepara e habilita as pessoas para entrar no reino dos céus, tornando-se assim, súditos do Reino de Deus.
O ENSINO DE JESUS NA PARÁBOLA DO SEMEADOR
Na Parábola do Semeador, Jesus nos ensina Quatro Características dos Ouvintes do Evangelho. Vejamos essas características.
1 – O Primeiro Tipo Solo da PARÁBOLA DO SEMEADOR.
Vemos nesta parábola assemelha semeadura da semente feita pelo lavrador com a pregação do Evangelho. Encontramos aqui, um semeador que segue semeando por toda parte de seu terreno. Todo tipo de solo recebe a semente. O resultado vai depender do terreno, pois o semeador é excelente profissional e a semente é boa.
Encontramos nesta parábola, uma parte da semente caindo no solo “à beira do caminho”. Vamos analisar as qualidades desse terreno.
Primeiramente ele não está nem dentro do caminho e nem dentro do terreno a ser plantado. Ele está entre um e outro. O que acontece com a semente que cai nesse tipo de solo?
Por não estar num terreno arado e reservado exclusivamente para o plantio, a semente fica exposta; não consegue penetrar no solo insensível. Na superfície, ela é facilmente localizada e tirada pelas aves. A semente não tem condições de germinar e/ou crescer e frutificar. Além disso, essa semente é pisada pelos transeuntes.
Ora, se Jesus estava contando essa história para ilustrar fatos da vida real, qual é o seu ensino com essa parábola? Ele mesmo explicou a parábola aos discípulos (15) dizendo que esta “semente que cai à beira do caminho” é a semente santa, a Palavra de Deus ou, Evangelho.
O terreno à beira do caminho é o ouvinte do Evangelho. As aves do céu, que comem a semente é Satanás, que tira o Evangelho da superfície do coração do ouvinte que não dá crédito à Palavra de Deus. O coração desse ouvinte é insensível e o Evangelho não produzir efeitos em corações duros. A dureza simboliza arrogância, prepotência, soberba.
O resultado é obvio: a semente morre. O terreno não produz. Não alimenta ninguém. É um terreno inútil. Assim é a vida dos ouvintes descrentes do Evangelho.
Jesus começa a parábola dizendo: “Ouvi”, isto é, atendei, prestem atenção. Há urgência na recepção da mensagem, na produção de frutos dignos de arrependimentos, conforme ensinou João, o Batista (Mc 3.8).
A semente do Evangelho está caindo agora em seu coração. O que você vai fazer com ela? Qual tipo de ouvinte é você? Que tipo de solo é o seu coração? Vai deixa-la de fora onde Satanás possa tirá-la?
2 – O Segundo Tipo de Solo
Se o terreno à beira do caminho é duro, vejamos o terreno pedregoso. Qual a qualidade desse terreno? Será possível ará-lo ou adubá-lo? Certamente que não. O arado não cortaria as pedras; o adubo não penetraria além das pedras e a semente não se aprofundaria.
Mas o semeador lança sua semente também nele. Analisemos as condições desse terreno.
Este terreno é impróprio para o plantio, pois, sendo rochoso, é também, seco. Além disso, por não poder ser arado, as raízes não se aprofundam e não podem receber os nutrientes da terra. Assim exposta ao sol, logo morrem.
Este tipo de terreno representa o ouvinte que recebe a Palavra de Deus com alegria, mas não tem segurança, firmeza em si mesmo. Vindo o sol, isto é, a tribulação, perseguição por causa da Palavra, logo morrem, afastam-se.
Alguns ouvintes aceitam com entusiasmo a Palavra. Querem anunciá-la, mas vindo a zombaria dos amigos e dos parentes; vindo desemprego ou desprezo por causa da Palavra, logo a deixam. Estes estão mais presos a opiniões humanas e às coisas do mundo. Nascem, mas não chegam a dar frutos.
Características desses Ouvintes: Corações endurecidos. As circunstâncias lhes sufocam, e são facilmente envolvidos nelas.
3 – A PARÁBOLA DO SEMEADOR O Terceiro Tipo Solo.
Quanto sofre o semeador! Há terreno que lhe dá tanto trabalho!
Ao ler sobre a semente lançada no terreno espinhoso, lembrei-me do Salmo 126.5,6: “Os que semeiam com lágrimas, com cânticos segarão. Aquele que sai chorando, levando a semente para semear, voltará com cânticos de jubilo, trazendo consigo seus molhos”. Estas passagens nos falam das alegrias, mas também das tristezas e sofrimentos do semeador.
O semeador semeia com lágrimas. Ele sai chorando e levando a semente, lançando-a a toda parte. O Semeador por excelência é Jesus. Ele foi até à cruz. Seus pés e mãos foram furados pelo “trabalho penoso” (Is 53.11). Mas ele amou-nos até o fim. A cada passo, a cada semente lançada, uma ferida se lhe abriu no corpo suado e cansado do labor. Mas Ele não desistiu.
Depois de lançada a semente, a planta nasce, mas não pode dar fruto porque os espinhos crescem mais e sufocam-na impedindo-lhe de frutificar.
Que tipo de ouvinte é esse? Jesus explicou que esses terrenos espinhosos são os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça de outras coisas, que sufocam a Palavra de Deus semeada no coração humano (19).
Estes são aqueles que se julgam capazes de salvar a si mesmos através das coisas do mundo: dinheiro, bens, sabedoria humana… São aqueles que se corrompem para evitar o sofrimento. Estes são aqueles que se estrepam na corrupção pensando: “Este é o único meio de sobreviver neste mundo”. São os sonegadores que exploram seu próprio povo querendo assim, “garantir o futuro de sua família no poder do dinheiro e da fraude. ”
Muitas pessoas abandonam o Evangelho por causa dos espinhos da cobiça, da ganancia. Entretanto, Jesus ensina: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á” (Mc 8.34,35).
Sem Salvação
Estes três tipos de solo simbolizam as pessoas difíceis, orgulhosas, arrogantes e que não aceitam ser trabalhadas pelo Espírito de Deus. Elas não deixam Deus arar seus corações, tirar os entulhos, as pedras e os espinhos. E como “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6) estes não serão salvos
4 – PARÁBOLA DO SEMEADOR e O Solo Bom.
Enquanto que nos outros terrenos as sementes não tiveram como germinar, crescer e frutificar, neste último terreno haverá bons resultados. Neste, a semente frutifica. Por que?
Neste terreno, que representa o coração receptivo à Palavra de Deus, a semente não será roubada por Satanás; não será sufocada pelos espinhos; o calor das aflições não lhes desanimará. É o terreno bom, fértil. Este é o Ouvinte ideal do Evangelho. Será que você é este ouvinte?
Neste bom terreno a semente será como o juazeiro. Uma missionária no sertão cearense me contou que durante seu trabalho naquele campo, ficou curiosa com o juazeiro. Todas as plantas secavam com o longo período de estiagem. Mas o juazeiro não secava; pelo contrário, estava sempre verdinho.
Curiosa, pesquisou a dita árvore. Descobriu que o juazeiro não se preocupa em crescer rapidamente para cima, mas em fincar raízes para baixo até encontrar água. Só então começa a crescer. Por isso ele fica sempre verdinho (Igual ao comportamento do cajuzinho do cerrado).
Assim é o bom terreno, ou seja, o bom coração para o Evangelho: cresce na humildade para aprender e a se submeter à Palavra de Deus; finca raízes no poder que a tudo sustenta e dá vigor. Estas são as pessoas que ficarão de pé no dia mal; resistirão o sol da provação; não serão sufocadas pelos espinhos.
O resultado será produção “a trinta, sessenta e a cem por um”. Nem todos produzirão os mesmos resultados, mas todos os de coração aberto ao Evangelho serão produtivos.