Jesus na Cruz | Duas Conquistas de Jesus na Cruz

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Jesus na Cruz conquistou vitórias imensuráveis e insondáveis. A mente humana não pode alcançar a plenitude do que ali aconteceu. Mas podemos apontar Duas Conquistas da Obra de Cristo na Cruz, de acordo com o texto de Colossenses 2:11-15, que são importantíssimas para nós. Imagem de Gerd Altmann por Pixabay . Veja o texto:

No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, pela circuncisão de Cristo;
Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.

E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas,
Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.

E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”.

A Primeira das Duas Conquistas de Jesus na Cruz foi A Nossa Salvação.

O que é salvação? Como acontece a nossa salvação? Qual a relação com circuncisão?

O que é salvação? Como acontece a nossa salvação?

O texto diz que Jesus perdoou todas as nossas ofensas, que é o mesmo que delitos, transgressões, pecados. Diz também que sem Cristo os homens estão “mortos nos pecados” (13), e que éramos todos devedores diante de Deus, pois havia uma “cédula que era contra nós nas suas ordenanças”. Jesus, na cruz, pagou nossa dívida “cravando-a na cruz”. De mortos nos pecados, nós passamos a vivos pela ressurreição de Cristo (11), quando abraçamos a fé nele. Isto é salvação.

E por que é salvação? Porque se não fosse a obra de Cristo, todos estaríamos na condição do homem natural. Ou seja, na condição de criatura de Deus, porém perdida no pecado. O pecado traz perdição.

O homem natural vive pecando e por isso está condenado no tribunal de Deus. O pecado traz condenação.

Quando Espírito Santo conscientiza a criatura do pecado, do juízo e da justiça (Jo 16.8-11), e o convida pelo mesmo Espírito à fé (Rm 10.6-13), crendo e invocando (pedindo ajuda) o nome do Senhor será salvo.

Nesse sentido, salvação é livramento, absolvição no julgamento de Deus (Jo 3.18, 36). A promessa é: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (João 3:18).

Dívida Apagada (14).

Nossos pecados eram dívidas perante a justiça de Deus. Nenhum de nós poderia pagá-la. A condenação era a única sentença. Estávamos todos condenados à prisão eterna, juntamente com o Diabo: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:41).

Mas como Deus cancelou nossa dívida? Ele a debitou na conta de Cristo. Jesus pagou-a integralmente. E essa obra redentora na cruz foi proclamada num pregão à moda antiga.

Vale lembrar que, ao contrário do que muitos pensam e ensinam, a condenação é eterna (2 Ts 1.5-10).

Qual a relação com circuncisão?

Entendido a salvação, o texto menciona também a circuncisão. O que circuncisão tem a ver com isso? Devemos nos lembrar de que ao falarmos de salvação, falamos também de fé. E fé lembra Abraão, chamado o pai da fé (Gl 3.9). A circuncisão vem da experiência de fé de Abraão. Ele creu nas promessas de Deus de que seria pai de multidões, apesar de todas as circunstâncias contrárias. Por isso, Deus garantiu que cumpriria a promessa a Abraão, e, para garantir isso, ordenou-se o sinal da circuncisão (Gn 17.9-14). Daí em diante, todos os meninos nascidos eram circuncidados a pele do prepúcio ao oitavo dia de nascido.

Está prática era a porta de entrada para o judaísmo, religião oficial do povo de Israel.

Na igreja dos tempos do Novo Testamento (ainda hoje) havia muitos judeus que aceitavam a Jesus como o Messias (Cristo), mas que praticavam e exigiam a circuncisão da membresia, e observação de outros ritos. Por isso, estes eram chamados de judaizantes (16,17).

O Apóstolo Paulo argumenta que a circuncisão aceita por Deus agora é a circuncisão de Cristo, que não significa cortar mais uma pelinha de um órgão do corpo, mas sim, a entrega total do corpo, da vida inteira a Cristo. Ele chama a isso de despojamento.

A Circuncisão é o despojamento da carne (natureza humana; 11). O sinal é no coração.

Ouvimos o chamado do Espírito Santo de Deus para vivermos a fé em Cristo. Segundo este chamado, não precisamos mais cortar a carne do prepúcio, mas, render a Ele toda nossa vida numa atitude de fé. Este é o significado de “despojo do corpo da carne” (12). Despojar é: “privar(-se) da posse; desapossar(-se)”, (Dicionário Google). Isto se dá pela obra de Cristo que nos liberta da natureza pecaminosa.

Então, a circuncisão de Cristo é mais profunda. Não é apenas um rito, mas uma entrega, rendição total. Eu abro mão de mim mesmo pela fé no que Cristo fez, faz e fará por mim. De agora em diante, eu não sou mais dono de mim; não me pertenço mais; pertenço a Cristo. Este era o sentido de conversão na igreja primitiva (Evangelização na Igreja Primitiva, Michael Green, pg 24,25).

Paulo chamou também de “Circuncisão do coração” (Rm 2.29; Fp 3.3). Ou seja, quebrantamento. O amor de Cristo nos constrange (2 Cor 5.14). Isto é, somos conquistados, fisgados pelo amor de Deus. E quando o experimentamos pela fé não queremos outra coisa a não ser mais e mais Deus em nossa vida. Somos apaixonados, envolvidos pelo amor do Senhor.

Uma Espécie de Batismo para O Judaísmo

A circuncisão era a entrada para a religião do judaísmo. Para o judeu não era tão difícil porque ele era circuncidado ao oitavo dia de nascido. Era provavelmente um pouco mais doloroso do que furar a orelha. Agora para o estrangeiro que quisesse se tornar judeu tinha que ser circuncidado. Nos tempos dos apóstolos, havia muitos desses chamados “tementes a Deus” que seguiam o judaísmo de longe, por causa dessa e de outras situações. Quando os apóstolos pregaram que a fé em Cristo e o batismo seriam as únicas coisas necessárias para a salvação, muitos foram convertidos, conforme o autor supracitado.

Agora, o batismo está baseado na obra Jesus na Cruz. O batismo traz consigo o simbolismo de morte e ressurreição junto com Cristo. Ao ser mergulhado (imergido) na água, o batizando está, igual a Cristo, morto e sepultado para o mundo. Ao ser levantado da água (emergido), simboliza que ressuscitou com Cristo e está vivendo para Deus (12; Rm 6). Por isso Paulo diz: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Romanos 6:4).

Nós estávamos mortos nos nossos delitos (transgressões). Como Ele ressuscitou, nós ressuscitamos com ele pela fé.

 A Segunda das Duas Conquistas de Jesus na Cruz é o triunfo sobre o mal.

O verso 15 diz: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo”. Já demonstramos acima o sentido da palavra despojar. Aqui significa desapossar. A quem Cristo desapossou na cruz? Os principados e potestades. Estes se referem a ordens angelicais. Aqui são Satanés e seus demônios, os anjos caídos. “Principados” são ordens angelicais, assunto que faz parte da Angeologia, doutrina dos anjos.

Principado é um território governado por um príncipe (Wikpédia). A terra era para ser governada pelos homens. Estes seriam príncipes imagens de Deus na terra. Mas, eles perderam o principado para Satanás (Gn 3; Jo 12.31) na desobediência de Adão. A conquista do principado é restaurada pela obediência de Cristo, o segundo Adão (1 Co 15.45). Tal conquista aconteceu na cruz.

Duas Características da Vitória de Jesus na Cruz

A expressão “deles triunfou na cruz” lembra duas práticas interessantes. A primeira é a marcha dos triunfantes de guerra. O exército quando voltava da guerra triunfante, exibiam seus despojos (o que tiraram dos conquistados), os prisioneiros e eram aclamados pelo povo. A morte de Cristo na cruz mercou sua marcha vitoriosa contra o príncipe das trevas. Cristo triunfou contra o mal.

A segunda prática é a propaganda de um assunto importante. Quando havia uma notícia importante, os arautos (pregadores, mensageiros) do reino anunciavam e afixavam a mensagem em lugar público, para que todos tivessem conhecimento (Ed 10.7; 1 Rs 22.36; 2 Cr 30.5; Dt 6.4-9; 11.20; Hb 2.2). Na cruz foi escrita e anunciada a todo mundo de todos os tempos e épocas que Jesus de Nazaré, o Cristo venceu o pecado, morte e o mal.

Então, a cruz é Evangelho: Boas Novas de Salvação em Cristo Jesus. Nela está publicada que a dívida humana foi totalmente paga pelo sangue de Jesus. Nela, também, está a declaração do amor de Deus pelos homens.

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