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Ensino Bíblico. Dois Motivos Para A fuga de Jacó. Nos primeiros versículos do capítulo 28 de Gênesis, veremos os Dois Motivos para a Fuga de Jacó. Antes, porém, farei algumas con siderações.
A história de Jacó foi introduzida pela conquista da bênção de primogenitura que pertencia a Esaú, no capítulo 27. Agora, a partir do capítulo 28, Jacó será o personagem principal. Personagem de grande importância! Dele, originou-se o nome da nação de Israel.
Isaque foi um personagem que serviu como um breve elo entre Abraão e Jacó, os dois grandes patriarcas. Dois capítulos registram a história de Isaque, enquanto que a de Jacó até o final do livro, exceto os 11 capítulos que narram a história de José seu preferido.
Voltando ao capítulo 28, tratarei primeiramente de sua fuga e do motivo da mesma: medo da vingança de Esaú (27.43-45) e o argumento mais forte usado para convencer a Isaque a enviá-lo a Padã-Harã (27.46;28.1), casamento para Jacó.
Ensino: 1º Motivo, A Vingança de Esaú
Como dois filhos debaixo de uma mesma educação se tornam tão diferentes? Já mencionei que havia tratamento diferenciado de Isaque e Rebeca aos seus filhos. Ele preferia Esaú, Ela, Jacó. Porém, investigando as Escrituras é fácil perceber que os filhos podem tomar caminhos diferentes daqueles ensinados e preferidos pelos pais.
Veja Esaú. Ele desprezou seu direito de primogenitura por um prato de lentilhas, casou-se com mulheres cananeias. Depois, ele tentou aliviar casando-se com uma filha de Ismael (27.46; 28.8,9). Intencional ou não, ele era insubmissão.
Isto demonstra que, igual a Caim, por exemplo, Esaú era por natureza e obstinadamente ímpio, rebelde (Gn 4.1-16) ao contrário de Jacó, pacato, obediente, submisso (25.17;27.8-14; 28.1-5). Esaú se vingaria de Jacó, como prometera (27.41), com certeza.
Creio que desde a eternidade Deus fez o homem livre com duas possibilidades: submissão e insubmissão, e decidiu que salvaria os submissos. Se o homem não se submeter a Deus, não poderá ser salvo. Esaú estava nesse grupo.
Ensino: 2º Motivo, Casamento para Jacó
Mas, esqueçamo-nos de Esaú. Fixemo-nos em Jacó, o personagem de maior importância aqui.
A fuga de Jacó resultou em experiências que marcaram o povo de Deus para sempre com belas e envolventes histórias, as quais trataremos no momento oportuno. Por hora, focalizarei no argumento mais importante para a fuga: o casamento.
Convencido por Rebeca, Isaque abençoa a Jacó e o envia a Padã-Harã (uma planície pertencente a Arã – Gn 11.31,32) com a seguinte recomendação: “Não tomarás esposa dentre as filhas de Canaã”. Por que era tão importante isso? Bem, não há um tratamento direto dessa questão em Gênesis, mas podemos inferir alguns motivos:
Primeiro, Deus havia prometido fazer de Abraão e Sara pais de uma grande multidão. Se a família se misturasse muito a outros povos, o elo com Abraão poderia se perder, assim como a fé dele. Então, a descendência dele não alcançaria a promessa.
Segundo, Abraão sabia que os cananeus seriam destruídos (Gn 15.16; Lv 18.24,25). Para que se casar com quem morreria em breve como desobedientes a Deus?
Certamente Abraão passou essas instruções para Isaque, e este, a Esaú e a Jacó.
Mais tarde, o casamento com as cananeias foi proibido (Ex 34.16; Dt 7.3,4)
“Nem te aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas filhas para teus filhos;
Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria”.
Lembremo-nos que casamento é aliança. Costumes, crenças e ética diferentes. Isto perverteria a família eleita logo no início.
Com isso podemos concluir esse ensino.
Conclusão
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Concluo que, se a proibição de casamente com as cananeias existiu no coração de Abraão e, posteriormente, na Lei é porque antes de tudo existiu no coração de Deus e foi revelada pelo Espírito Santo aos patriarcas.
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Na benção de despedida de Jacó, Isaque menciona o futuro esperado e prometido para seu filho (2-4). Dentre sua benção está a que diz respeito a nós, embora creio que ele nem imaginasse isso: “para que venha a ser uma multidão de povos”. Como sabemos hoje, os que são da fé são filhos de Abraão (Gl 3). Sobre isso Broadmam diz:
“A palavra qahal (multidão) é a costumeiramente usada no Velho Testamento para designar assembleia, congregação. Ela é usada aqui pela primeira vez. Mais tarde ela se tornará a palavra de onde se origina ‘igreja”. Aqui, a ênfase é dada à ‘coerência tanto quanto à multiplicidade’ (Kidner, p. 158). Da mesma forma como Abraão fora o pai dos fiéis, dos crentes diante de Deus, individualmente, Jacó se tornaria o pai de Israel, o povo de Deus, a congregação reunida”.